quinta-feira, 17 de abril de 2008

Poema das Mulheres

Eis-nos de luta
Expostas
Sem vencer os dias

As virilhas
Certas
No passado retomado

O rever das casas e das causas
O resolver das coisas
Que dormiam

Diária é a escolha
O movimento insano
O sossego manso e mais pesado
Daquilo que desperta e não quebramos.

Daquilo que rasgamos
E dobramos
Carta por carta em seu perfil exacto

Fêmeas somos
Fiéis à nossa imagem
Oposição sedenta que vestimos
Mulheres pois sem procurar vantagem
Mas certas bem dos homens que cobrimos.

E jamais caça
Seremos

Ou objecto
Dado

Nem voluntário odor
De bosque seco.

Vidro dizemos
Pedra
Caminhada

Em se chegar a nós
De barca
Ou vento

Remota viração que se reparte
Esta que usamos em cumprir
Sustento

De pressuposta amarra
Em que ficamos

Apartadas dos outros
E tão perto.



17/03/71
In Novas Cartas Portuguesas
Mª Isabel Barreno; MªVelho Costa; Mª Teresa Horta

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